O PT vem vendendo seu governo como conquistador de metas há muito desejadas pelo brasileiro: o fim do desemprego e da dívida externa, autossuficiência do petróleo ou ainda o baixo índice de pessoas vivendo na pobreza extrema. O que poucos sabem é que, a exemplo do que Mantega fez com a economina, todas essas soluções nascem de uma espécie de “contabilidade criativa” comandada por seus marketeiros.
Por exemplo, a taxa de desemprego no Brasil de acordo com dados do IBGE é de 5,5%, uma das melhores do mundo. Mas, segundo estudo feito pelo Instituto Ludwig von Mises Brasil em
cima dos mesmos dados, ela estaria na verdade em 20,8%. A diferença
entre as duas aferições é o que cada uma considera como desempregado, algo já detalhado no Implicante.
O IBGE não considera desempregadas
pessoas que trabalham sem remuneração, desalentadas e que fazem bicos
esporádicos, mesmo que seus ganhos fiquem abaixo do salário mínimo, o
que favorece muito a propaganda enganosa do governo. O cálculo é tão
desleixado que basta o brasileiro trabalhar uma hora por ano para não
ser considerado desempregado.
O suposto fim da dívida externa
Outro mito vendido pelo partido é o fim
da dívida externa brasileira. O que ocorreu, na verdade, foi que, a fim
de quitá-la em 2008, o governo de Lula incorporou-a à dívida interna,
que no mesmo ano atingiu R$ 1,4 trilhão – ou 65% do PIB brasileiro.
Apenas de juros, o governo chegou a pagar R$ 13 bilhões em um mês.
O cenário piora com a notícia de que a dívida externa, depois de tão pouco tempo, já vem oscilando em torno dos US$ 310 bilhões. Enquanto isso, a interna continua crescendo com média de 8,98% ao ano considerando
o período entre 2004 a 2013. No mesmo intervalo, o PIB cresceu em média
3,64% – ou seja, menos da metade. Ao todo, o Brasil já soma mais de R$ 2 trilhões em dívidas.
O autossuficiente que importa petróleo
No que diz respeito à autossuficiência
em petróleo, basta olhar para o recorde de déficit comercial que teve
como principal responsável o produto, causador de um rombo de US$ 15 bilhões. Em 2006, quando alardeou o fato como uma grande conquista, Lula esqueceu-se de dar detalhes sobre essa autossuficiência.
A questão é que, embora produza barris o
bastante para abastecer o seu consumo diário, apenas uma pequena
porcentagem deles é de petróleo leve – de onde se extrai gasolina e
outros derivados nobres. Assim, o país acaba precisando importá-lo, já que a maior parte de suas refinarias só é preparada para esse tipo de petróleo.
O que sobra do nosso óleo pesado vai para exportação. Mas o dinheiro que entra ainda não é suficiente para cobrir o que gastamos importando petróleo. Isso porque o óleo leve é mais caro, por render mais derivados nobres e ser mais fácil de refinar.
A partir de 2007, a demanda cresceu mais que a produção, e até setembro de 2012 havia déficit de 48 milhões de barris naquele ano. Em 2013, a Petrobrás anunciou que voltou a importar petróleo da Venezuela após nove anos sem fazê-lo, mas afirma que em 2014 deve recuperar a “autossuficiência”.
O índice de pobreza extrema que ignora a inflação
O combate à pobreza no Brasil também
apresenta-se como questionável. A fim de erradicar a miséria, o governo
realiza um repasse mensal complementar para que a renda per capita de
famílias mais pobres alcance ao menos R$ 70 ao mês, valor muito aquém do necessário.
Em onze das 18 capitais monitoradas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), R$ 70 não garantem sequer a compra da parte de uma cesta básica destinada a uma pessoa. Em São Paulo, seriam necessários R$ 95,41 para a aquisição.
Além disso, essa quantia foi adotada em
junho de 2011 e jamais reajustada para acompanhar a inflação. Se
considerarmos o reajuste inflacionários desde 2009, quando o projeto
começou a sair do papel, o índice não corrigido escondia ainda em 2013 nada menos que 27,3 milhões de brasileiros vivendo na pobreza extrema.
De olho na reeleição
No momento em que este texto é finalizado, o Google já contabiliza 4160 sites publicando a mesma notícia da agência EFE: “PT completa 34 anos focado na reeleição de Dilma“.
Mas, de fato, a reeleição vira alvo do partido desde o momento em que
assume o poder e define qual será a história que tentará contar na
eleição seguinte. Para 2014, além da suposta erradicação da pobreza
extrema, o governo tentará emplacar a redução da conta de energia e a
importação de médicos para trabalhar nas menores cidades do país, mesmo
que a redução esteja sendo paga pelos próprios cofres públicos – ou seja, indiretamente pelos próprio brasileiros – e haja investigação sobre a prática de trabalho escravo no Mais Médicos.
O marketing do partido sabe que só
precisam segurar sua versão da história por mais alguns meses, no caso,
até outubro. É justamente o tempo que a oposição possui para trazer a
verdade ao brasileiro. Não conseguindo, caberá ao governo bolar novas
histórias para a eleição seguinte e assim seguir no que vem se provando
ser seu principal projeto político, o de ampliação e manutenção do
próprio poder.
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